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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

para um pequeno amor


Eu diante da página em branco
que em nada se parece frente a um ano novo,
cuja única novidade é a manutenção de si mesmo,
cujo fluxo de moedas e carros ciclos sintomas e pulsões
se esvazia diante de uma paixão ou do sono.
Atravesso a primeira madrugada do poema.

Não seria sua a voz que escuto atravessar a janela?

Rasuro todos os poemas na tentativa de inventar novamente
outro conglomerado de palavras que tenha semelhança com seu rosto
ausências, chás de ervas finas e pétalas
há tanto guardados na gaveta que hoje mantemos trancada
contra o tempo que são ondas contra a pedra,
contra a pedra que é Deus na ideia das coisas,
sensação térmica que tenho e trago
como se este mesmo Deus queimasse dentro
em um último movimento, talvez
antes de amanhecer.

Um sax tenor desperta no espaço onde a métrica se dissolve.

Heya heya! Atracamos na linha imaginária,
no ponto onde estamos no mundo
e o mundo entre mim e ti.

Heya! Saudemos a enigmática permanência das coisas
como águas pedras que mudam, sereias
reescamadas por um artista do moma
et cetera.





  

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