para Lucas Santana*
E agora, como se limpa esta mancha de sangue das roupas, este cheiro peculiar da mistura de sêmen, bosta e urina? Alvejante e indiferença? Quais são as chaves para salvar o menino que agora você prende, usa e estupra? Quais são as chaves para salvar sua corja depois que tudo pender na forca? Depois que o trem passar por cima de sua roupa de malha fina que também nos foi roubada? Que gosto tem a carne podre entre os dentes, que som tem o gemido dos doentes? Nosso destino trágico e sinistro, nossas palavras soltas e dementes. Ato de amor aqui é manter o lobby, roubar os pobres, arrancar-lhe os ossos, enfeitar clavículas em mesas regadas a vinho e algumas cláusulas. Que gosto tem minha porra em sua boca? Sangue e fotografia esparramados numa cova fria, já posso mijar na sua cara? O teu Deus vomita plantas mortas e maçãs ressecadas, castanhas do Pará engasgadas. Há papéis higiênicos importados para limpar sua bunda? Quantos nomes estariam gravados em sua mesa, quantos se favoreceram com a chuva? Política de cu é rola, nem tudo acaba em pizza. Qual será a sobremesa?
* para ler ouvindo o deus que devasta mas também cura.