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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

DOS MONSTROS

Eu queria um poema monstruoso
Com garras de arame
E dentes de ginsu
Um poema que mutilasse
Que fosse bicho
Que tomasse de abrupto
Seu fígado
E seu estômago.
E revirasse tuas vísceras
Vivas e vermelhas,
Lhe arrancasse as tripas
Pelos dentes da boca,
Arranhasse, repartisse, recompusesse
Uma nova e cruel vitalidade;
Um poema que dissesse
De todos e de nenhum.
Como garfos aquecidos no gim
Como lâminas repartidas em luz
Um poema de flores e de cus
Um poema de rosa e de azuis
Um poema de satanás e de Jesus
O louco que te devora os pés
Ainda molhados do chuveiro
E que te lambe três vezes mais
Enquanto sangra.

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