Eu diante da página em
branco
que em nada se parece
frente a um ano novo,
cuja única novidade é
a manutenção de si mesmo,
cujo fluxo de moedas e
carros ciclos sintomas e pulsões
se esvazia diante de
uma paixão ou do sono.
Atravesso a primeira
madrugada do poema.
Não seria sua a voz
que escuto atravessar a janela?
Rasuro todos os poemas
na tentativa de inventar novamente
outro conglomerado de
palavras que tenha semelhança com seu rosto
ausências, chás de ervas finas e pétalas
há tanto guardados na
gaveta que hoje mantemos trancada
contra o tempo que são
ondas contra a pedra,
contra a pedra que é
Deus na ideia das coisas,
sensação térmica que
tenho e trago
como se este mesmo Deus
queimasse dentro
em um último
movimento, talvez
antes de amanhecer.
Um sax tenor desperta
no espaço onde a métrica se dissolve.
Heya heya! Atracamos na
linha imaginária,
no ponto onde estamos
no mundo
e o mundo entre mim e
ti.
Heya! Saudemos a
enigmática permanência das coisas
como águas pedras que mudam, sereias
reescamadas por um artista do moma
et cetera.
et cetera.
As vezes só os versos sobre os versos fotografam bem o que sentimos.
ResponderExcluirAbraço!
ô Alexandre, eu amo ler sua poesia
ResponderExcluireu a leio pq tb a escrevo